EFEITOS
REPENSE
DESAFIOS
INICIATIVAS
O desperdício alimentar é um problema de gigantes proporções no mundo todo. Mas existem pessoas e iniciativas que utilizam criatividade e paixão para combater essa problemática.
A partir dessa realização, surgiu um interesse em explorar o cenário do aproveitamento alimentar em Portugal e, mais especificamente, na cidade do Porto.
Em esse processo aprendemos que há muito trabalho a ser feitos por todos nós. Produtores, distribuidores, comerciantes e consumidores devem unir forças com o governo para fazer uma mudança real. Ao mesmo tempo, percebemos o quanto já se caminhou na direção de um futuro mais sustentável.
Esperamos que Good Food | Food Good dê uma ideia das diferentes formas que podemos combater o desperdício alimentar. Que cada um de nós se sinta empoderado para fazer a sua parte!
Agradecemos a todos que participaram e ajudaram na realização do Good Food | Food Good!
Aos docentes da unidade curricular Atelier Multimedia, no âmbito da Licenciatura em Ciências da Comunicação na Universidade do Porto:
Professor Alexandre Valle de Carvalho
Professora Cristina Ferreira
Professor Pedro Gomes da Costa
Professor José Alberto Pinto
Às equipes das iniciativas entrevistadas, que disponibilizaram seu tempo e nos receberam amavelmente:
Susana Freitas - Lipor
Bruno Martins e toda a equipa - Fruta Feia
Chantal Camps de Gispert - GoodAfter
Carlos Pereira e Mariana Fernandes - FairMeals
Maira Salazar
Nas horas vagas adora provar novas receitas veganas
Sonha em viajar o mundo com seu irmão Pietro
Luanna Mendes
Ama desafios e conhecer coisas novas
Sonha em se tornar uma profissional de sucesso
Francini Monteiro
Brasileira apaixonada pelo Brasil, mas que ama conhecer lugares e culturas novas
Sonha em um dia trabalhar com moda e comunicação
De acordo com o Global Hunger Index (GHI)
52 de 119 países
ainda enfrentam problemas de má nutrição em nível grave, muito grave ou extremo.
o que significa que
1 em cada 9
pessoas (815 milhões pelo mundo) sofrem de fome!
A degradação do alimento desperdiçado é um grande emissor de gases que geram o efeito estufa.
Em escala global, o óxido nitroso e o metano resultantes são tão nocivos quanto à poluição por dióxido de carbono causada pelos carros.
A ONG World Resources Institute (WRI) aponta que
1/3 dos alimentos
produzidos mundialmente são perdidos os desperdiçados.
Em Portugal, desperdiça-se
17% do consumo
alimentar anual, de acordo com a Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares.
Isso é equivalente a 1 milhão de toneladas.
Na restauração, esta perda anual é de aproximadamente
9600 Euros
por estabelecimento.
Anualmente são desperdiçadas
cerca de 324 mil toneladas
de alimentos nas casas portuguesas.
Além de contribuir para os nocivos efeitos ambientais, tal desperdício tem impacto no orçamento familiar.
Isso equivale a
mais de 40%
do desperdício do país, de acordo com a Divisão de Organização da Produção Agroalimentar do Ministério da Agricultura.
Quando a doação ou aproveitamento de alimentos encontra obstáculos legislativos relacionados à responsabilidade civil, saúde pública, higiene alimentar e defesa do consumidor, a luta contra o desperdício alimentar pode ser prejudicada.
De acordo com o Parlamento Europeu, “Os Estados-Membros devem fornecer incentivos para a prevenção dos resíduos alimentares, tais como a celebração de acordos voluntários [e] a facilitação da doação de alimentos.”
Em Portugal, estão em vigor regras de higiene e segurança alimentar no âmbito da doação de alimentos, de forma a garantir a segurança dos géneros alimentícios, desde o momento de produção do mesmo até a doação.
As entidades doadoras devem escolher com cuidado os géneros alimentícios que irão doar. As entidades recetoras devem estabelecer procedimentos adequados desde a receção, até o reencaminhamento dos alimentos para o seu destino final.
O que podemos fazer como consumidores?
Pergunte se seus estabelecimentos favoritos fazem parte de algum programa de doação de alimentos. É possível contribuir para o aproveitamento alimentar sem correr riscos legais, especialmente por meio de parcerias com iniciativas já estabelecidas.
Exemplos incluem: Refood, Zero Desperdício ou FairMeals.
No relatório Do Campo ao Garfo, divulgado pelo Projecto de Estudo e Reflexão sobre o Desperdício Alimentar (PERDA), fica claro que há ainda uma falta de sensibilização e consciência do problema de desperdício alimentar, principalmente no âmbito familiar e do consumidor final.
Em seus inquéritos, indicam que uma das principais causas de desperdício nas famílias está ligado a cozinhar demais. A razão é que cozinhar demais é preferível do que o risco de cozinhar “de menos”. A ideia de fartura está presente nas relações familiares. Além disso, mesmo quando há a intenção de guardar e reaproveitar o que sobra, muitas vezes a sobra acaba indo pro lixo por esquecimento.
A mentalidade também é um desafio no combate ao desperdício na restauração. Porções excessivamente grandes podem ser um atrativo para os clientes. A abundância pode se tornar desperdício se as sobras da refeição não são levadas para casa. Mudar esses hábitos por parte dos estabelecimentos e dos consumidores é um passo importante para o combate ao desperdício.
O que podemos fazer como consumidores?
Planeie no momento das compras alimentares e no preparo dos alimentos.
Evite compras de grandes quantidades em promoções ou ofertas se não acredita que será capaz de consumir tudo.
Leve sobras de refeições para casa. Se houver sobras nas refeições que faz em casa, armazene e consuma posteriormente.
Verifique a possibilidade de comprar produtos aptos para consumo mas que já passaram a data preferencial de consumo, como os comercializados legalmente pelo supermercado online Good After.
Qual é a qualidade nutricional dos alimentos que são reaproveitados atualmente?
O professor Pedro Graça, Diretor da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, levanta uma importante questão em relação a qualidade dos alimentos reintroduzidos na cadeia alimentar.
O Professor Pedro Graça aponta que esses alimentares hipercalóricos, embalados e processados vão parar ao prato dos mais pobres e iletrados. Assim, o combate ao desperdício alimentar corre o risco, em alguns casos, corre o risco de se transformar na redistribuição de produtos de má qualidade nutricional daqueles que compram mais do que devem para aqueles que não conseguem comer.
Duas causas para esse desafio são: a canalização de alimentos altamente processados além da falta de nutricionistas e técnicos de saúde nos sistemas de doação; e a falta de informação para que as famílias transformem os alimentos recebidos em uma refeição equilibrada.
O que podemos fazer como consumidores?
Ao doar alimentos para bancos alimentares, priorizar alimentos menos processados e de maior qualidade nutricional.
Pressionar seus representantes políticos por investimentos em projetos que conciliem o aproveitamento alimentar e a qualidade nutricional.
Ao escolher um projeto para apoiar por meio de voluntariado ou doações, optar por aqueles que integram oferta alimentar equilibrada e capacitação nutricional das pessoas mais carenciadas, ao invés de projetos de “caridade avulsa”.